por Anderson Antonangelo*
irresoluta postura
o peito estufado
concretude excelsa no
estandarte de indefectível
sistema de avaliação moral ante
a pequenez dos depravados
o olhar obtuso
de devota contemplação:
uma bandeira
neodivindade têxtil
hasteada flâmula
complexo sistema de
talhos de pano
de pigmentação variada
coesas por labirínticos
caminhos intrincados
emaranhado de
celestiais
fios
costura de deus
a mandíbula contraída
rubra veia na retina
pulsação do vaso na suada testa
indícios da divina devoção
ao deus bandeira
pedaço de pano do bem
bichas e pretos de merda
pobres de merda
mulheres de merda
ao vento, balança o pano
como fosse sussurro dos céus
ao convicto obtuso
mas é só pano ao vento
antes fosse pano às chamas
*Anderson Antonangelo é graduado em Jornalismo e em Letras pela Universidade de São Paulo, professor, poeta e duas vezes finalista da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), na categoria “poesia”. E-mail: anderson_antonangelo@yahoo.com.br.