por Sarita Borelli e Felipe Sanches
Espaço é um conceito cuja dimensão ainda não foi satisfatoriamente compreendida. Do que se entende por início, tudo era espaço, e disso não se é capaz de discordar de forma significativa ou estruturada. Muito porque pouco se sabe sobre as estruturas do espaço enquanto conceito nu. Só se sabe que a luta, desde o inicio, seja esta inerente ou consequente à matéria, ao sujeito ou à ideia, sempre foi pelo essencial, agradável e incômodo desconhecido a quem damos o nome de espaço.
O que seria o Universo senão um espaço de coexistência dos mais ilustres elementos do desconhecido? Não somente um espaço, mas O Espaço. A este maravilhoso palco de transformação, atribui-se alegorias tão densas quanto jamais o ser humano foi capaz de idealizar.
Mas, era preciso dar uma forma, e ela nunca se mostra desacompanhada de qualquer sincera ideologia. Robusta ou não, quem se importa? A sobrevivência humana não coabita vazio ideológico. O espaço, portanto, sempre carrega em sua forma alguma tímida, protuberante ou camuflada ideologia.
Se da existência humana temos a pronta e constante certeza da morte, das ideologias temos as permanências. Linhas, blocos, platôs, horizontes de conceitos empilhados em pedras, rearrumados, rearranjados em seus espaços, coabitando mentes e transformando dinâmicas existenciais, essenciais ao convívio dos seres que se autodenominam sociedade, até quanto podemos compreender de convívio e de possibilidade existencial.
São pedras todas as ideologias. E, de toda maneira, tão pesadas quanto soltas ou amarradas, asseguram a possibilidade de que se as agrupe, as carregue, tal como o fardo da existência humana. E que, também, se atire muitas dessas pedras em defesa de concepções determinantes. Afinal, o espaço é livre, assim como o ser humano que se propõe a transformá-lo.
Pois bem, somos de esquerda!