Imagem: Lothar Dieterich no Pixabay
por Ariana Assumpção*
“Mas o que mais me dói, o que mais me dói, você escolheu errado, seu super herói…”
As Frenéticas
Nau sem capitão, sem governante ou piloto. O comandante enlouqueceu. Ensandecido, disseram. Estamos à deriva. É, foi indo, indo, completamente lunático. Olha, não foi de hoje, não. Faz tempo, sempre foi assim, mas era um pouco tímido, mas veio vindo, comendo pelas bordas, abraçando um e outro, o verdadeiro azarão que azarou todo mundo. A tripulação nem percebeu. Abraçou um e beijou outro, de grumete foi pra marinheiro, chegou a ser contramestre, um pulo a oficial e imediatamente comprando uns e outros conquistou o comando. Também ajudou, um descontentamento com o capitão que o antecedeu e, o roto superou o rasgado. Agora estamos aí com o barco sem governança. Ahhh, como foram cegos… e pior, ainda vendados brigam por ele de faca nos dentes. Ainda põem a mão no fogo por ele. E por quê? Alguns nobres se regozijam pelo discurso que lhes favorece, outros são pobres tolos.
E agora? Agora estamos aqui quase batendo naquela pontinha gelada que desponta no mar logo ali à frente. Gente, acorda! O bigodinho já é visível em seu buço escorregadio de lábia lasciva em lábios beiçudos. Não estou de comédia com isso. De bengala estamos nós, aqui mal andando, capengando em decisões tolas e rasas. E temos o mar todo pra navegar… que desperdício!
Precisamos de um novo capitão, que não seja assim tão insano, que tenha a saúde no lugar, que tenha olhos para ver e que seja do bem estar. Estar bem para servir sempre. Que não seja insubstituível, pois de boas intenções o inferno está cheio. Precisamos de alguém pleno e que brade em pulmões limpos que quer o bem do próximo e do próximo e do próximo. E que, sim, esteja perto de nós e não fique só em discurso, seguindo o bom curso das coisas. Que dê andamento, porque navegar é preciso, mas não pro abismo.
*Ariana Assumpção. 54 anos, brasileira e paulistana. Passei por 2 faculdades: Publicidade e propaganda (Cásper Líbero) e Fotografia (Senac) e sobrevivi. Misturando imagens e textos descobri a poesia e, às vezes, ela pedia uma vida longa e solitária, sem ser traduzida pelas cores que fotos e desenhos emitem. Viajei por várias plataformas artísticas (desenho, pintura, marchetaria e escultura em clay). Trabalho como designer gráfico e fotógrafa comercial para obter o tão necessário sustento, mas quero viver de brisa e de arte. Tenho um podcast no Spotify, onde narro minhas poesias e devaneios: “Rotativa do Pensar”. Casada, 1 filho homem e um cão. Exposição “Moiras”, em 2011, em um coletivo de fotógrafos na Avenida Paulista. Exposição na 14º Bienal de Curitiba (2019) no pavilhão Digital com a obra “Fronteiras?”.